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RG já viu: exposição “O Mundo de Tim Burton” é recorte além dos filmes

[ALERTA DE SPOILERS]

Por André Aloi

Abre nesta quinta-feira (04.02), em São Paulo, a mostra “O Mundo de Tim Burton”, no Museu da Imagem e do Som (MIS). Mas ao contrário do que muitos imaginam, a exposição não é apenas sobre os filmes do diretor de cinema, conhecido – entre outros sucessos – por “Edward – Mãos de Tesoura” e “Noiva Cadáver”. A expo lança luz sobre as referências, os desenhos e ainda projetos inacabados e que não verão a luz do dia. Os filmes são coadjuvantes ali.

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Ao entrar no universo de Tim, você é engolido por um corredor que te leva por suas referências. Uma parede acolchoada – e com garras – ostenta pôsteres, como “Attack of the Crab Monsters“, “Tarântula“, “Drácula” e até “Dumbo“. Composto ainda por uma TV, passa filmes-referência. No lance de escada seguinte, uma parede avermelhada conta como foi para o MIS montar essa exposição, com assinatura do diretor executivo do MIS, André Sturm, e da também curadora Janny He, que organiza a mostra desde a do MoMa, em 2009.

Mais um lance, e outro painel com garras reúne pôsteres de “The Cabinet of Dr. Caligari”, “Drácula”, “Beauty and the Beast” e uma figura de Godzilla. Chegamos em um pavimento. Aqui, uma máquina expõe caveiras do filme “O Estranho mundo de Jack“. Elas giram numa espécie de base com desenho hipnótico, com luzes que ficam piscando – como se fossem strobo. Cada uma delas expressa uma emoção diferente.

Ainda neste pavimento, desenhos, rascunhos e séries de traços, entre os anos de70, 80, 90 e mais recentemente, dos anos 2000. Ali, é enaltecido como o artista consegue trabalhar com o “Terror! Humor” de forma tão característica. São desenhos e pinturas de seu acervo pessoal. “No mundo de Burton, o medo pode se transformar em riso, e o senso de humor é sempre um pouco macabro”, diz uma placa antes de encarar as obras.

Você esteve na expo do “Castelo Rá-Tim-Bum”? A escadaria em caracol permanece, mas ganhou um escorregador, que é claro, você pode descer por ali ou seguir do jeito tradicional. Nesse hall, há um boneco inflável, chamado “Baloon Boy“. Com sensor de movimentos, a obra – que tem vários olhos – vai te acompanhando enquanto dá a volta nele. E ele pisca! Pintado à mão por Carlos Delfino, teve supervisão da equipe de Tim. O inflável com video mapping é ago novo, proposto pelo MIS.

Nas paredes que o cercam, polaroides que expressam o universo de tom sombrio e peculiar. Alguns exemplos são um girassol com um caule de arame farpado (sem título: “histórias sobrenaturais: Girassol“, de 1994) e um cachorro fofo com chifres de rena “Natal”, de 1997. Ainda ali, uma de suas obras mais famosas: “Menina Azul com Vinho“, um óleo sobre tela de 1997. E também rascunhos e desenhos, com seu olhar pela cidade, meninos e meninas coloridos e de traços que não negam a autoria.

Um outro corredor te leva pelas obras capitaneadas pelo menino balão novamente, dessa vez em tamanho menor. Aqui, os desenhos traçados por Tim estão em série nas paredes de tons azul e roxo. Virando, mergulhamos nos sentimentos de angústia e melancolia, com desenhos coloridos e em preto e branco, poesias e uma escultura do menino robô. Neste mesmo espaço, há um desenho que desperta o interesse, bem pequeno, ao lado da escultura: “O triste fim do pequeno menino ostra e outras histórias”, de 1997, e uma TV com vídeos que serviram de referência para o diretor durante sua trajetória.

Em Encantamento, o visitante se embrenha pelos heróis da infância. Tem cartoons daquela época e obras interativas, além de vídeos amadores em 8mm e 16mm, que já davam pinta do talento do diretor. Para assistir, você se senta em um pufe, em formato de lombriga em preto e branco – que lembra as calças de Beetle Juice. Há filmes e clipes: destaque para dois do The Killers, que tiveram a direção de Tim: “Bones” e “Here With Me“. Quando você olha para a TV, está tudo branco. É preciso uma tela de acrílico para visualizar o conteúdo. O que acontece? Foi tirada a polarização da televisão e aplicada em uma película nas placas de acrílico. Só assim é possível assistir aos vídeos.

Depois dali, outro corredor, cujas paredes receberam infinitos desenhos em diversos tamanhos e técnicas. Ainda expostos, caderninhos com storyboards dos clipes da banda de Brandon Flowers, pintura em óleo, além de série com monstros e ETs em guardanapos e pequenos papéis. Desemboca em projetos não realizados. A cenografia – mezzo macabra – tem ao fundo um letreiro igual ao de Hollywood com o título da seção. Em telhados de casinhas, as obras para televisão, cinema e livros. Muitos deles não foram totalmente executados. Tem heróis estelares, piratas, alienígenas, monstros etc. Segue…

As paredes pretas com bichos desenhados, e chão vertiginoso, são praticamente um portal para outra dimensão. Os olhos-mágicos ocultos, do lado direito – em meio às pinturas -, revelam obras do outro lado. Ali está a área mais aguardada: filmografia. Neste espaço, faltam obras interativas e objetos visuais mais atrativos, como as próprias esculturas – que ficam em aquários. A obra mais legal é uma casinha de “The World Of Stainboy“, que dá para enfiar a cabeça na janela e ver o que está acontecendo ali dentro.

Nas paredes, desenhos, pinturas, vídeos, notas de roteiro, storyboards, bonecos e maquetes, que levam o visitante a entrar no universo cinematográfico que o catapultou à fama. Entre os títulos, “Os Fantasmas se divertem“, “Batman” e “Batman: O Retorno” e “Edward Mãos de Tesoura“. A ala menos visual tem desenhos de “Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas“, “Planeta dos Macacos“, “Sombras da Noite” e “Alice no País das Maravilhas“, que têm apenas duas gravuras, e “Ed Wood“, com quatro, assim como “Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” e “A Lenda Do Cavaleiro sem Cabeça“.

Faltam esculturas, exceto por “Noiva Cadáver“, “Marte Ataca” e “O Estranho Mundo de Jack“. Este último suspiro da exposição, com um aquário dedicado aos personagens. Para se despedir, é preciso entrar numa porta escrito “The End”.


SERVIÇO
EXPOSIÇÃO “O MUNDO DE TIM BURTON”
De 4 de fevereiro a 15 de maio de 2016
Classificação etária Livre
Visitação 11h às 20h (terça a sexta); 9h às 21h (sábados); e 11h às 19h (domingos e feriados)
Ingressos à venda apenas aos domingos: R$12 (inteira) e R$6 (meia) na bilheteria do MIS. Terça-feira, entrada gratuita com retirada de senha na bilheteria.
Os ingressos para os dias 4, 5, 6, 8, 24, 25 e 26 de fevereiro; 2, 3, 4, 5, 9, 10, 12, 16, 17 e 19 de março estão esgotados.

Museu da Imagem e do Som (MIS)
Avenida Europa, 158
Jardim Europa, São Paulo/SP
Informações: (11) 2117 4777 ou www.mis-sp.org.br

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