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Aposta RG: conheça Dônica, que tenta “se livrar” do título de banda do filho de Caetano Veloso

Por André Aloi

Dônica fez sua estreia nacional em festivais no último fim de semana, no Rock in Rio – ao lado do artista Arthur Verocai. Com um CD novo para mostrar, “Continuidade dosParques” (lançado pela Sony), a banda está feliz com o resultado. O grupo se apresenta nesta quinta-feira (24.09), na Casa da Gávea, também no Rio de Janeiro.

Eles trabalham em dobro para se livrar da fama de banda do filho de Caetano Veloso. “Já falam isso”, diz o vocalista José Ibarra. “Mas vai ouvir o som. Às vezes gosta. Mesmo que tenha uma porrada de gente falando isso, tem quem fale do nosso som. Espero que uma hora parem com esse rótulo”.

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O “culpado” por essa estampa, o músico Tom Veloso, começou tímido na banda, nos bastidores, compondo e, de forma natural, foi assumindo nova posição. Hoje, no palco tocando violão, diz que não há uma pressão pelo fato de ser filho do músico (e de Paula Lavigne). “Às vezes, é chato. Quando ouvem sem preconceito, acabam gostando do que a gente faz. Dane-se isso (de nomenclaturas), é algo a mais”, desabafa Tom. E o pai? “Ele ouviu o CD, gostou e se impressionou com os meninos tocando. Sempre elogia muito, e as composições também. E fica brincando sobre rock progressivo porque nunca gostou disso”, ri.

Ibarra explica que, musicalmente falando, a Dônica foi se aprimorando até chegar perto do que pensavam para o CD. “Queríamos explorar mais os timbres, ter usado mas sintetizadores”, comenta, falando que o processo foi muito intenso: cerca de 20 dias para estar tudo pronto. “Tínhamos tudo na cabeça, mas muitas coisas foram mudando no caminho”, argumenta, falando que a gravadora não deu qualquer pitaco nem foi a nenhuma das gravações. “Entregamos o CD lá e pronto. Tem um pouquinho de cada coisa porque cada um tem uma influência, um estilo”.

Tom e os meninos são a epítome da adolescência, todos têm menos de 20 anos. Suas composições falam sobre experiências do cotidiano. “Teve uma época em que éramos fissurados pelas meninas que conhecia e compunha sobre elas”, explica. “Hoje, não mais. Tem muitas histórias que a gente viveu junto. Cada coisa que surge, dá vontade (de escrever), como situações, amores, saudade, vem naturalmente”, completa Tom.

Apesar de ter cara de banda independente, eles se inspiram numa galera comercial, como Pharrell Williams, Rihanna, Beyoncé. “Eles são muito profissionais, sabem como fazer a parada. Nessa galera, tentamos pegar mais a parte de produção musical: ‘porque o cara fez isso e não aquilo, sabe?'”.

Apesar de ainda não estarem no patamar que almejam, estão um passo à frente com uma grande gravadora por trás. “Não temos a pressão do que temos que fazer. Só do que não se deve”, brinca. “Musicalmente falando, sempre adotamos uma rotina muito profissional. Antes, só ensaiávamos, não tínhamos show nenhum. Você tem que aprender a lidar com outras coisas, como o público, redes sociais, compromissos”, destaca o vocalista.

Atualmente, eles fazem ensaios duas vezes por semana. “Se fosse mais, não daria espaço pra pensar nos arranjos (e tudo mais)”, diz o vocalista que passou em faculdade de música, assim como Lucas Nunes, o guitarrista. Quanto aos demais integrantes, Deco (André Almeida), o baterista, passou para Engenharia e Tom para Comunicação, largou e deve focar na música. Completa a banda Miguima (Miguel Guimarães), no baixo que ainda nem está na faculdade.

COMPOSIÇÃO
O compositor e violonista baiano César Mendes foi quem deu o ‘start’ para que Tom começasse a focar. Assim como o pai, ele falava que o garoto assoviava no tom. “Nunca liguei pra isso, pra musica. Mas o ele começou a me colocar pra tocar violão gostei, e aprendi rápido”, diz ele que começou a tocar há três anos. A vocação foi bem recebida pela família. “Eu não tinha nenhuma ligação, não gostava. Era viciado em futebol, joguei cinco anos pelo fluminense”, gaba-se. “Depois de um tempo, eles me chamaram pra me juntar (à banda). Foi um processo natural”, finaliza Tom.

DÔNICA na Casa da Gávea
Quinta-feira, 24 de setembro, 21h (abertura da casa: 20h)
Praça Santos Dumont, 116 – Gávea – Rio de Janeiro/RJ
Ingressos na bilheteria da casa.
Tel: (21) 2239-3511

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